Merkel em diálogo: Dez anos após a crise dos refugiados – uma retrospectiva!
A ex-chanceler Merkel falará aos refugiados no dia 30 de junho sobre os desafios de 2015-2025 e os debates atuais sobre a migração.

Merkel em diálogo: Dez anos após a crise dos refugiados – uma retrospectiva!
Na segunda-feira, 30 de junho, uma conversa surpreendente com a ex-chanceler Angela Merkel será publicada na mediateca da ARD. O formato intitulado “10 anos depois: Refugiados em conversa com Angela Merkel” aborda o movimento de refugiados de 2015 e inclui conversas com cinco migrantes da Síria, Afeganistão e Irão. Entre eles está uma estudante que vivia num asilo religioso com a sua família, bem como um jovem casal que enfrentou protestos contínuos quando chegaram a Clausnitz em 2016. Estas conversas, que foram gravadas no dia 26 de junho num restaurante sírio em Berlim, pretendem não só lançar luz sobre as experiências dos refugiados, mas também levantar questões atuais sobre integração e reunificação familiar. Como relata a Rádio Herford, este formato poderia reacender debates antigos.
Por que a crise dos refugiados de 2015 foi tão influente? Angela Merkel, que se tornou um símbolo do acolhimento político nesse período, faz comentários muito positivos sobre isso. Mais de 1 milhão de requerentes de asilo chegaram à Alemanha nessa altura, e Merkel sempre enfatizou que a Alemanha era capaz de lidar com este afluxo. No entanto, os críticos temiam que a Alemanha pudesse ficar sobrecarregada. Numa entrevista à Deutsche Welle, ela explicou que a situação dos refugiados não é uma crise, mas sim uma questão humanitária. Merkel recordou o apoio de muitas pessoas na Alemanha, incluindo presidentes de câmara e voluntários que alcançaram grandes feitos.
Perspectivas sobre o passado
A situação nem sempre foi fácil. Os incidentes durante as celebrações da passagem de ano em Colónia, em 2016, em que as mulheres foram assediadas por migrantes, lançaram uma sombra sobre a cultura acolhedora. Merkel reconheceu que nem tudo estava a correr de forma ideal e que havia problemas graves que precisavam de ser resolvidos. Uma análise retrospectiva da política de refugiados revela que a opinião pública está fortemente dividida. De acordo com uma pesquisa, 60% dos alemães acreditam que o país pode enfrentar o desafio, enquanto 40% permanecem céticos. Estas preocupações poderão ser exacerbadas pelo lento progresso na integração dos imigrantes no mercado de trabalho, onde pouco menos de metade dos que chegaram desde 2013 encontraram trabalho..
Merkel observou que as causas da migração continuam por resolver e que a UE não estabeleceu um sistema uniforme nesta área. Apesar deste desafio, foram citados exemplos positivos de integração bem sucedida, especialmente as qualificações escolares de muitos migrantes.
Política e opiniões
As opiniões políticas sobre o tema da política de refugiados variam amplamente. Políticos como Irene Mihalic, dos Verdes, sublinham que é correcto não fechar as fronteiras, enquanto Lars Castellucci, do SPD, critica que a falta de envolvimento dos parceiros europeus foi um erro. A AfD, que beneficiou politicamente da insatisfação com a política de refugiados, está numa situação mais nítida..
Alguns antigos políticos, incluindo Thomas de Maizière, observam que a Alemanha geriu bem a crise, enquanto outros, como Horst Seehofer, descreveram a situação em 2015 como um “reinado de injustiça”. A própria Merkel tem defendido repetidamente que uma situação como a de 2015 não deveria voltar a acontecer. Mesmo que o número de requerentes de asilo esteja a diminuir desde 2016, o desafio de devolver os requerentes de asilo rejeitados aos seus países de origem permanece.
As discussões em torno da política de refugiados de Merkel e as experiências positivas e negativas dos últimos anos serão certamente retomadas no seu próximo evento televisivo e poderão fornecer impulsos importantes para o futuro. O WDR salienta que estas conversas podem desencadear novos debates e que a sociedade continua dividida sobre a política de migração, sublinhando a relevância contínua desta questão.