Sarre: Por que o Estatuto do Sarre de 1955 moldou a história
Explore o desenvolvimento hipotético do Sarre após o Estatuto do Sarre de 1955 e seu impacto na região.

Sarre: Por que o Estatuto do Sarre de 1955 moldou a história
Quase nenhum capítulo da história franco-alemã é tão complexo quanto o do Sarre. Uma experiência mental sobre o hipotético desenvolvimento do Sarre, caso a população tivesse votado a favor do Estatuto do Sarre no referendo de 1955, levanta questões interessantes. Um artigo no Saarbrücker Zeitung, por exemplo, suscita especulações sobre se o Sarre poderia estar hoje numa posição semelhante à do Luxemburgo se se tivesse tornado uma região administrada de forma independente em vez de ser anexada pela República Federal da Alemanha. Mas esta ideia traz consigo algumas dificuldades.
Os oponentes desta suposição apresentam vários argumentos. Uma questão importante é que outros países também teriam feito reivindicações às instituições da UE. Além disso, como é sabido, o Luxemburgo tinha mais possibilidades de desenvolvimento do que o Sarre industrial. Se o Sarre tivesse emergido como uma entidade independente, teriam existido fronteiras alfandegárias e monetárias que o teriam separado do milagre económico alemão.
O referendo de 1955 e suas consequências
Uma retrospectiva mostra que o referendo sobre o estatuto do Sarre ocorreu em 23 de outubro de 1955 e esclarece o clima político da época. Os eleitores decidiram claramente contra o estatuto: 423.434 votos (67,71%) votaram “não”, enquanto apenas 201.973 votos (32,29%) votaram pela adoção. No geral, foi alcançada uma participação eleitoral de 96,73% – um sinal claro do elevado nível de interesse político da população nesta fase crucial da história. A decisão foi interpretada como um forte sinal de que a reunificação com a Alemanha Ocidental era o caminho preferido para a maioria dos Saarlandeses.
A decisão negativa foi seguida apenas um ano depois pelo Tratado do Sarre, que foi assinado em 27 de outubro de 1956. Esta documentação estabeleceu a estrutura dentro da qual o Sarre foi incorporado à República Federal da Alemanha como o 10º estado federal em 1 de janeiro de 1957. Todo o processo foi simples e proposital, considerando há quanto tempo a região esteve sob a sombra da política de poder francesa.
Uma separação artificial
Até então, a população do Sarre pertencia à Baviera e à Prússia há mais de 110 anos. Os acontecimentos históricos e o conflito Leste-Oeste levaram à separação da área da Alemanha e, assim, à criação de uma unidade política dita “artificial” em Paris. Numerosas testemunhas contemporâneas relatam que as inseguranças da República Federal na década de 1950 e a vontade dos políticos em Bona e Saarbrücken de consolidar esta separação tiveram em conta peculiaridades históricas de longo alcance.
Com o Estatuto do Sarre, o Sarre teria se tornado uma entidade independente, sob uma administração europeia, mas ao mesmo tempo teria permanecido numa união económica com a França. No entanto, este não era o destino que a maioria dos Saarlandeses desejava. Decidiram que prefeririam fazer parte da República Federal da Alemanha a permanecer em condições exigentes e inseguras.
Actualmente pode-se dizer que a unificação europeia, que se pretendia com o Estatuto do Sarre, não foi afectada por este referendo. Pelo contrário, a vontade clara da população de prosperar juntamente com a Alemanha é uma parte fundamental da história do Sarre. Uma olhada no Sarre de hoje mostra que não é apenas parte da Alemanha, mas agora também uma parte importante da UE.
A reflexão sobre o passado deixa claro que o Sarre, como muitas outras regiões da Europa, tem uma história complexa que se caracteriza pela luta pela autodeterminação e pela pertença. Quando nos voltamos hoje para o Sarre, percebemos que a história não só influencia o presente a partir do passado, mas também mostra perspectivas para o futuro.